06 junho 2010

O trigo e o joio



















O trigo e o joio
Ambos em discussão,
Travaram uma desordem
Em certa ocasião.
-Que fazes tu cereal!
Espalhado por toda a terra,
Vives em grandes campos
Suspirando pela primavera!..
Ao homem tu dás o pão,
Alimenta-lo com amor,
Recebes tuas carícias
Como se fossem louvor!..


Aos famintos tu sacias,,Aos mendigos abrigais,
Ás crianças indefesas
Suas memórias guardais!..
-Tu és uma erva daninha,
Pelo homem amaldiçoada,
Que fazes tu aqui joio
Onde não tens entrada!..
Por acaso és bem -vindo!
Fala, mostra o que és,
As tuas raízes afectam
Perturbam de lés a lés!..

Penetras no meio do pão
Desiludes o ser humano
Como se fosses ladrão!..
Não tentes te defender,
Argumentos tu não os tens,
Vives neste planeta,
Indesejado tu vens!..
Foste atirados aos campos
Pelo inimigo feroz,
Caíste naqueles trigais,
Como uma alma atroz!..

Porque tanta raiva me tens,
Faço-te companhia
Nem te cobro vinténs!..
Por vezes és mal tratado,
Pela própria natureza,
Eu sou leal companheiro,
Também tenho minha beleza!..
Também tenho o meu valor,
Não me desprezes assim,
Se não fosse por mim,
Eras desprezado com dor!..

O valor que tu lhes dás,
Alimenta-lo, sacias-lhe a fome,
Por amor tu viverás!..
Ao contrário de mim
Mil desprezos já levei,
À terra eu fui lançado
Por despeito aqui fiquei!..




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