02 outubro 2011

O diálogo do Vento
















Um dia o Vento cansado,
de tanto na Terra soprar,
Encostou-se numa praia, pôs a maré secar.
Perguntou então ao mar!
Porque tanto agitava!
Nem pela calada da noite, suas ondas dormitava!
O mar que sem fronteiras,
De rompante interrompia,
Aquele era seu lema, triunfante seguiria.
Indagava com furor,
Aquele a quem o criou,
Quando Deus o mundo fez,
Ao castigo me entregou…
De tanto que já batalhei,
Por vezes até vomito,
Ao engolir a terra quando entro em conflito!
Sou aquele que procuro,
Com que a terra sustentar,
Ao homem eu dou o peixe para a fome saciar!
Além de matérias-primas, de grande valor eu crio,
Entro na vida humana,
Provocando-lhe desafio!..
O vento radiante ouvindo,
Soprando de indignação!
Respondeu com tanta fúria, que também moía o Pão!..
Já chega de tanto valor!
Mas vais consumindo a terra,
Vais-lhe roubando vidas, que gritam e clamam por ela.
Também tenho o meu valor,
Para além de traiçoeiro,
Provoco um vendaval,
Depois fico marralheiro!..
Também tenho minha virtude,
Ao cair da trovoada,
Espalho toda a nuvem quando a terra é agitada.
Desfraldo as velas ao tempo,
De tantas bandeiras içadas,
Passo secando a terra, quando a vejo encharcada.
Por agora já basta!
De tanta justificação,
Vamos ficar amigos, cada um com sua razão!...
Damos o exemplo à terra,
Onde ninguém se entende,
Tantas bolsas a crescer!
Tantos mendigos a aumentar!
Tanto ser humano morre, sem a fome saciar
!…

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